A Lua não se impõe diante das nuvens..
Mesmo forte e de fases variáveis, em todas elas.. a Lua é sutil..
Não impõe sua presença.. apenas espera..
Ela existe - apenas - para estar lá..
Existe para iluminar as noites.. para inspirar os amantes, os poetas, os instintos animais, os navegantes..
Ela apenas instiga os amores, provoca as rimas, mostra os caminhos, inebria as caças, pratea os cardumes..
Mas a Lua é.. sutil..
Jamais se faz presente se não para ajudar..
A Lua jamais se fará tolerar..
As nuvens a encobrem facilmente..
Ela não se omite.. respeita a atmosfera alheia..
A Lua existe apenas para ser admirada..
Sabe que deve contentar-se com os desejos - apenas os platônicos.. aqueles que nunca chegarão a ser.. que não - e apenas - desejos..
A missão da Lua é o pedestal - aquele jamais violado..
E, se algum homem - um dia - ousou tocá-la..
A pisou com seus pés..
Nela deixou marcas..
Dela se aprouve..
Se embriagou e.. a deixou..
Talvez lhe tenha faltado a visão - aquela, de que as condições da Lua são diferentes das tais ínfimas frivolidades..
O domínio lhe era desconhecido, a distância lhe fora inviável.. e sua necessidade, quiçá.. não existiu!
E assim segue a Lua.. sempre lá.. sempre branca.. sempre um fato.. satélite..
A Lua sequer chora.. apenas se parte ao meio.. mingua.. se recolhe àquela miserável grandeza..
Ela sabe que - mesmo inabitada - altera as marés e as gestações, o humor e os sentimentos, as boas-novas e as mazelas..
Sabe que - por mais distante e inviável que possa estar.. consegue pelo simples existir, trazer equilíbrio e paz aos adormecidos..
Consegue tocar com as mãos.. sem tê-las..
Eis a importância da Lua..
Nenhuma.. mas onipresente..
Ontem, hoje e pela inexorável eternidade!
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(Helga Mello Nunes - 14/fev/2012)
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